Examina, diariamente, a tua lavoura afetiva. Observa se estás exigindo flores prematuras ou frutos antecipados. Não te esqueças da atenção, do adubo, do irrigador. Coloca-te na posição da planta em jardim alheio e, reparando os cuidados que exiges, não desdenhes resgatar as tuas dívidas de amor para com os outros.
Emmanuel
Quando olhamos a história do pensamento religioso espírita, desde as suas origens em Maomé, passando pelo Cristo há dois mil anos e chegando até a modernidade em que eclodiu de forma enfática através da mediunidade, facilmente percebemos um movimento crescente progressivo em temos de entendimento a cerca de Deus e da própria realidade espiritual.
No passado estávamos muito apegados ao aspecto material e não tínhamos ainda condições de compreender informações de natureza espiritual com precisão. Trabalhávamos o desenvolvimento individual e coletivo praticamente através da perspectiva material, crentes que seríamos herdeiros de um mundo promissor em que o povo escolhido teria chances de ser plenamente livre e feliz, desde que respeitasse determinados preceitos e práticas.
O Cristo veio ajustar alguns entendimentos e nos falou de um reino em outro mundo. Nos ajudou a olhar além do horizonte material e a trabalhar intensamente neste mundo para angariarmos espaço em um mundo que valia a pena ser vivido, deixou muitas lacunas, dada a nossa insipiência intelectual, mas nos demonstrou na prática que era possível viver de uma forma diferente e que valia a pena investir na mudança de hábitos..
A doutrina espírita, passados alguns séculos de florescimento intelectual da humanidade, vem nos oferecer novas informações que ajudam na compreensão das mensagens anteriormente trazidas e, finalmente, começamos a compreender o reino de outro mundo de que nos falava Jesus. As informações trazidas por espíritos desencarnados através da mediunidade nos possibilitou compreender a nossa verdadeira natureza e abriu as mentes da humanidade para os assuntos relacionados à espiritualidade.
Nesta escalada vamos percebendo que, embora sempre estejamos circundados e amparados por espíritos muito mais desenvolvidos moral e intelectualmente do que nós, estes nada nos impõe. Pelo contrário, admitem um ritmo de trabalho de evolução planetária mais lento para abrir espaço à nossa liberdade de escolha e exercício de despertamento.
As informações vão chegando aos poucos, em pequenas doses para que possamos compreendê-las de forma adequada e assim construirmos a nossa própria felicidade a partir de nossas escolhas e contribuirmos para a obra da vida com o melhor que podemos ofertar em cada passo de nossa jornada evolutiva rumo à felicidade.
É observando este descortinar dos véus da vida, lento e proporcional à nossa capacidade intelectiva, que compreendo a mensagem de Emmanuel. Sinto que sua proposta é no sentido de que nós, por nossa própria conta, observemos as contribuições que temos dado àqueles que estão à nossa volta.
Como a lei de sociedade, proposta em O Livro dos Espíritos de Allan Kardec nos ensina que estamos em convívio social para nos desenvolvermos através das relações com o outro, não é difícil percebermos que sempre estaremos responsáveis por alguém, uma vez que nos relacionamos com outras pessoas. Estas relações não precisam, necessariamente, constituir-se em relações mestre aprendiz, mas o contato com o outro nos coloca em condições de estimularmos ou não através de palavras, gestos, ações, olhares, emoções, sentimentos e pensamentos.
Temos condições de oferecer fértil terreno afetivo em que o outro possa sentir-se seguro para desenvolver-se, manifestar-se na vida e seguir seu rumo natural de crescimento, segundo suas potencialidades, mas precisamos estar atentos à forma como nos relacionamos para que isto ocorra.
É verdade que não é uma tarefa fácil, mas Emmanuel, ao nos convidar para observarmos os cuidados que exigimos em jardim alheio, também nos oferece uma base para nossas ações. Ele resgata o ensinamento de Jesus “Fazer ao outro o que queremos que nos façam” e propõe que nos coloquemos em ação observando as nossas próprias necessidades para que possamos nortear as nossas relações com o outro.
Sigamos então mais atentos às necessidades de nosso jardim. Ofereçamos o que está ao nosso alcance e aguardemos que as plantas, por seus próprios esforços, cresçam e frutifiquem.
Crescer e frutificar de C. Guilherme Fraenkel é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Compartilhamento pela mesma licença 3.0 Brasil.
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Este artigo faz parte de um conjunto de reflexões diárias que iniciou-se em 05/01/2011 a partir de um presente que ganhei em 2010, uma caixinha cheia de citações (veja o artigo "O importante não é a etiqueta" para mais detalhes)
Você poderá acompanhar todas as citações e reflexões publicadas no WebEspiritismo usando o Marcador “Reflexão diária”. A lista de Marcadores usados está disponível na coluna lateral do blog sob o título “Marcadores”
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