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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Aprisionado pelas máscaras da vida

Nossos preconceitos são máscaras que, inicialmente, nos dão um aparente conforto e proteção, mas, depois, nos confinam entre grilhões e opressões. Talvez a causa da nossa insatisfação seja não estarmos fazendo o que queremos, e sim o que os outros disseram que devemos fazer.
Hammed

Viver em sociedade não é nada fácil. Sentimos uma enorme necessidade de darmos vazão aos nossos sentimentos e emoções e clamamos constantemente por liberdade de ação, mas não nos damos conta de que ser livre não é fazer o que queremos, mas agir na plenitude de nossas possibilidades com vistas a nos capacitarmos para ações mais abrangentes. Pelo menos este é o entendimento que tenho sobre a questão do Livre Arbítrio, a liberdade de escolha.

Nos tornamos cada vez mais capazes de fazermos escolhas conscientes e, à medida que esta capacidade aumenta, nossa liberdade aumenta, juntamente com a responsabilidade por nossos atos e com a percepção de coletivo, o tão falado “amor ao próximo com o a si mesmo” proposto nos 10 mandamentos.

Os espíritos nos dizem em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, na parte que trata da Lei de Liberdade, uma das leis naturais que regem a criação de Deus materializando a sua vontade, que não temos a liberdade absoluta de ação, uma vez que vivemos em sociedade e que devemos respeitar os limites que definem as individualidades que convivem conosco, assim como elas devem respeitar os nossos limites.

Temos sim, ainda segundo os espíritos em O Livro dos Espíritos, a liberdade de pensamento, que pode vir a ser limitada pela ação de outras individualidades, mas que é um direito individual que deve ser respeitado. Podemos e devemos exercitar esta liberdade, caminho seguro para nosso desenvolvimento intelecto e moral.

Quando li a citação de Hammed sobre as máscaras e associei com esta questão das leis de liberdade, de progresso e de sociedade, fiquei pensando se, ao assumirmos uma máscara, ou seja, ao assumirmos determinados padrões de comportamento para sermos aceitos em grupamentos de espíritos encarnados ou desencarnados sem realmente compartilharmos do conjunto de crenças e valores que os embasam; não estaríamos, voluntariamente abrindo mão de nossa liberdade de pensamento e, até mesmo, da limitada liberdade de ação que temos. Talvez devamos compreender primeiro para agir depois.

Tomamos esta medida de abrir mão de nossas liberdades, como disse, para sermos aceitos, ou seja, para “facilitar” a vida, para “reduzir” as dificuldades, para nos sentirmos parte de alguma coisa maior que nós e, desta forma, significarmos a nós mesmos. Queremos nos sentir normais, queremos ser como outras pessoas, como nossos ídolos.

A grande questão é que este conceito de normalidade não existe.

Os espíritos superiores nos ensinam que espíritos são individualidades dotadas de vontade e de inteligência; cada espírito é único por ser fruto de suas construções históricas ao longo de diversas vivências espirituais, sejam no plano dos espíritos encarnados ou dos espíritos desencarnados.

Podemos perceber padrões comportamentais, sentimentais e emocionais comuns, uma vez que somos todos espíritos em jornada de progresso, filhos de um único Deus bom e justo, e é exatamente isto que define os agrupamentos espirituais, as famílias espirituais, conforme O Evangelho Segundo os Espíritos de Allan Kardec. Mas não podemos esquecer que somos destinados a sermos nós mesmos na criação, a termos nossas próprias ideias e nos sentirmos livres para realizarmos nossas próprias construções.

Acredito que a sociedade deva ser um espaço de convivência em que cada individualidade manifeste-se livremente; mas de forma respeitosa em relação ao outro. Desta forma poderemos realizar esforços de crescimento individuais e coletivos mais eficientes e, mais rapidamente, atingirmos um estado de felicidade plena.

Talvez o sentimento de aprisionamento quando usamos máscaras surja exatamente quando identificamos que poderíamos estar seguindo nossas vidas de acordo com determinadas bases, mas que não o fazemos por estamos muito ocupados tentando viver sobre outras bases. É claro que esta ideia é apenas um pensamento, mas talvez possamos pensar juntos sobre o assunto.

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Aprisionado pelas máscaras da vida de C. Guilherme Fraenkel é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Compartilhamento pela mesma licença 3.0 Unported.
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Este artigo faz parte de um conjunto de reflexões diárias que iniciou-se em 05/01/2011 a partir de um presente que ganhei em 2010, uma caixinha cheia de citações (veja o artigo "O importante não é a etiqueta" para mais detalhes)

Você poderá acompanhar todas as citações e reflexões publicadas no WebEspiritismo usando o Marcador “Reflexão diária”. A lista de Marcadores usados está disponível na coluna lateral do blog sob o título “Marcadores”

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