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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Eu sou

Embora encontre alívio e apoio nos alicerces da fé exterior, nos templos religiosos, não se esqueça que somente sua força interior será o sustento decisivo perante os obstáculos a vencer
Ermance Dufaux

Há 2000 anos Jesus nos disse que se tivéssemos a fé do tamanho de um grão de mostarda seríamos capazes de mover montanhas de um lugar para outro, sugerindo que nossa fé ainda era pequena e que necessitava ser desenvolvida. Falou-nos sobre um reino de outro mundo, de suas maravilhas e da felicidade que lá poderíamos encontrar, desde que buscássemos seguir um código de conduta moral específico em que as pessoas respeitam-se, mesmo sendo inimigas e que praticam com frequência o perdão das ofensas sofridas.

Já naquela época a questão da fé e da forma como a manifestávamos assumia importante papel no cotidiano do ser humano. Sempre estivemos ocupados em, de alguma forma, reconhecer a autoridade superior à realidade material através dos movimentos religiosos construídos a partir de variados entendimentos.

Vivemos até o presente momento cercados de cultos, rituais e práticas religiosas externas que, segundo os que os praticam, são o caminho para os resultados desejados. Continuamos presos a velas, sacrifícios, talismãs e à boa vontade das entidades espirituais que nos observam e atendem às nossas vontades. “Amarramos” pessoas que desejamos, “castigamos” pessoas que nos ofendem, “descarregamos” as energias negativas que nos atingem, “barganhamos” com santos acendendo velas e pagando penitências.

A grande questão é que, mesmo com as grandes forças que conseguimos mobilizar através das práticas externas, ainda não somos capazes de atingir todos os resultados que desejamos e, vez por outra, somos levados à descrença por não ser nossa vontade preponderante. Migramos de grupamento religioso em grupamento religioso buscando a fé salvadora, sem nos darmos conta que talvez a chave para nossa felicidade esteja dentro de nós mesmos.

A doutrina dos espíritos, conforme Allan Kardec em O livro dos espíritos e em O evangelho segundo o espiritismo, propõe que, como filhos de Deus e detentores de enorme potencial de manipulação do ambiente, basta acreditarmos e trabalharmos em prol de nossos objetivos para sermos capazes de atingir os resultados esperados, ou seja, pelas palavras de Ermance Dufaux, somente a força interior que existe em cada um de nós será o sustento decisivo para vencer os obstáculos.

Jesus já nos dava uma pista deste conceito ao propor que somos deuses e que podemos, de acordo com nossas ações, atingir nossos objetivos (é necessário buscar para achar, bater para que a porta se abra).

Quando O evangelho segundo o espiritismo trata a questão da fé, ele propõe que nossa capacidade de realização é muito maior do que imaginamos e não está, necessariamente, ligada à questão religiosa. Somos capazes de realizar muitos prodígios, de transformarmos a realidade à nossa volta, de erradicarmos doenças, de estabelecermos a paz, basta que acreditemos nesta possibilidade e trabalhemos arduamente para atingir nossos objetivos.

Basta olharmos para o nosso planeta e para todas as realizações que temos concretizado ao longo dos séculos desde os primeiros homens das cavernas. Transpusemos rios e montanhas, superamos a força das marés, conquistamos as terras geladas, fomos à lua, erradicamos doenças e inventamos novas espécies de plantas e animais, apenas para citar pequenos exemplos de ações que foram concretizadas porque acreditamos na possibilidade e buscamos os recursos necessários.

Dia chegará em que a nossa crença em nós mesmos será tão grande que não necessitaremos mais de instrumentos para operar nossos milagres e nem colocaremos mais a realização de nossos sonhos nas mãos de terceiros, sejam representantes de credos religiosos, santidades ou espíritos superiores.

Por hora estamos convidados pela natureza que nos cerca ao exercício de conhecimento de nossas próprias individualidades e do entendimento do dever moral a que deus nos conclama a cumprir da melhor forma possível.

Sigamos o dia-a-dia de nossas vidas contando com a ação solidária daqueles que nos cercam, contando com o trabalho em equipe e com o apoio que a fé externa é capaz de nos oferecer, mas não nos esqueçamos que temos enorme potencial em nós que aguarda para eclodir de forma bela e plena.

Esforcemo-nos para compreendermos as palavras de Jesus e buscarmos amar a nós mesmos para que possamos, desta forma, amarmos ao próximo e a Deus sobre todas as coisas.

Acreditemos que somos capazes, arregacemos as mangas de nossas camisas e nos coloquemos em trabalho constante.

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Eu sou de C. Guilherme Fraenkel é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Compartilhamento pela mesma licença 3.0 Brasil.
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Este artigo faz parte do projeto Reflexão Diária que iniciou-se em 05/01/2011 a partir de um presente que ganhei em 2010, uma caixinha cheia de citações (veja o artigo "O importante não é a etiqueta" para mais detalhes)

Você poderá acompanhar todas as citações e reflexões publicadas no WebEspiritismo usando o Marcador “Reflexão diária”. A lista de Marcadores usados está disponível na coluna lateral do blog sob o título “Marcadores”

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