Não é a intensidade da dor que educa, e sim o esforço de aprender a amenizá-la.
Ermance Dufaux
A doutrina espírita, codificada por Allan Kardec, nos propõe que somos espíritos imortais, criados por um deus bom e justo, e que estamos destinados a um cenário de felicidade que só será atingido através de nossos próprios esforços de aprendizado a cerca de nós mesmos, de nossa origem e destinação.
Jesus Cristo nos propôs algo semelhante quando nos fala sobre a esperança na vida futura e sobre a necessidade de cultivarmos, desde já, a capacidade de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos através de nossas ações, pensamentos e sentimentos.
Léon Denis nos propõe de forma direta em suas obras, em especial em O grande Enigma, que todos nós, espíritos encarnados e desencarnados, estamos inseridos em um plano de promoção espiritual através do qual nos desenvolvemos, nos descobrimos e, consequentemente, nos tornamos felizes.
Emmanuel propõe que nos encontramos em um processo de auto-educação através das encarnações em que estamos construindo, a partir da inteligência, a idéia de humanidade para, em seguida, desenvolvermos a idéia de angelitude.
André Luiz, em suas narrativas de além-túmulo nos propõe uma reflexão sobre os efeitos de nossos sentimentos, pensamentos e ações e convida-nos a mudanças de atitudes a fim de ampliarmos nossa visão espiritual e, consequentemente, ampliarmos nosso estado de felicidade.
O próprio Allan Kardec nos propõe um caminho de auto-aperfeiçoamento quando nos diz que o caracter distintivo para reconhecermos o verdadeiro espírita é o esforço que o indivíduo realiza para tornar-se um sujeito melhor.
A doutrina espírita nos convida e pensarmos nossas posições no mundo sob a ótica daquele que está estudando para atingir uma posição de maior equilíbrio na vida e, consequentemente, de maior felicidade.
Torna-se então vital para todos os que abraçaram o modelo de pensamento espírita considerar que somos seres que ainda ignoram diversos fatos e que, desta forma, muito esforço ainda será necessário de nossa parte para que sejamos capazes de vivenciar a tão desejada felicidade.
Outra conseqüência direta deste raciocínio é o fato de que, por não sabermos o suficiente sobre nós mesmos e de não estarmos plenamente conscientes das leis naturais que regem nossas vidas, perceberemos constantemente aguilhões que nos impulsionam à reflexão, à meditação e às escolhas alinhadas com os propósitos do bem. A estes aguilhões podemos dar o nome de dor, instrumentos educativos que indicam escolhas equivocadas e sentimentos inadequados que necessitam de revisão por nossa parte.
Ermance Dufaux resgata esta idéia quando nos propõe a dor como instrumento pedagógico. Lembra-nos que a dor é uma conseqüência natural de nosso desconhecimento, de nossa imperfeição, que se manifesta através de nossos sentimentos, pensamentos e ações e que requer revisão urgente.
Desta forma, a dor não se trata de um mecanismo de punição, mas de sinalização para algo que requer a nossa atenção. Naturalmente, a sinalização não necessitará ser muito intensa, desde que estejamos atentos e busquemos rapidamente o aprendizado necessário.
À medida que acolhemos as dores que nos atingem, buscamos identificar suas causas e agimos na modificação dos padrões de sentimentos, pensamentos e ações que nos causaram a necessidade de sinalização, a dor deixa de ser necessária e desaparece.
Desta forma, Ermance Dufaux nos propõe uma atitude de sabedoria quando nos fala da dor e da atitude de transformação. Podemos evitar dores intensas, desde que rapidamente nos empenhemos em diagnosticar as causas e atuemos na eliminação dos padrões inadequados.
Referências
- Kardec, Allan; O evangelho segundo o espiritismo.
- Kardec, Allan; O livro dos espíritos.
- Kardec, Allan; O céu e o inferno.
- Denis, Léon; O progresso.
- Denis, Léon; O grande enigma.
- Xavier, Francisco Cândido; Nosso Lar.
- Xavier, Francisco Cândido; Fonte Viva.
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Este artigo faz parte do projeto Reflexão Diária que iniciou-se em 05/01/2011 a partir de um presente que ganhei em 2010, uma caixinha cheia de citações (veja o artigo "O importante não é a etiqueta" para mais detalhes)
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