Acabei de ler o artigo do Marco Aurélio Rocha chamado A vida é curta, http://marcoaureliorocha5.blogspot.com/2011/12/vida-e-curta.html, que foi publicado no site Espiritismo na rede.
Achei muito profunda a visão abordada e concordo plenamente com o fato de que devemos ter grande atenção quanto às nossas ações de rebeldia às leis e aos acordos sociais estabelecidos declarando a necessidade de aproveitar a vida e de quebrar regras para sermos felizes.
Acredito, entretanto, que se faz necessário observarmos que por vezes é necessário quebrarmos regras. Não me refiro às leis divinas, mas às que são construídas por nós, seres imperfeitos e que, muitas vezes legislamos em favor de pequenos grupos ou que privilegiam determinados seguimentos da sociedade deixando outros de lado.
Não vivemos em uma democracia de fato, e mesmo que assim fosse, nossas leis são imperfeitas e, frequentemente, necessitam de ajustes ou caracterizam entraves para o atendimento de determinadas necessidades. Que dizer das regras acordadas e que não possuem leis a embasá-las...
Nossa história está repleta de relatos em que o movimento de rebeldia e de não atendimento a leis "aceitas pela sociedade" garantiu o estabelecimento de novas leis mais amplas e justas para o momento vivido.
Seguindo por esta linha, sinto que o mais importante em relação ao posicionamento individual de cumprimento ou não das leis é o motivador que nos impulsiona.
Por que será que estamos tentados a quebrar leis? Sentimo-nos constrangidos, estamos sendo injustiçados? Desejamos causar o mal a alguém? Estamos sendo egoístas? Queremos o bem dos outros? Desejamos promover a paz ou a discórdia?
A doutrina espírita nos aponta que juntamente com as leis que norteiam nossas vidas, temos a possibilidade do livre arbítrio, que nos garante a oportunidade de vivermos segundo nossos valores e assumindo as consequências de cada ato para que possamos ampliar o entendimento a cerca de nós mesmos e, desta forma, nos tornarmos espíritos mais felizes por percebermos e assumirmos o dever moral.
Temos, desta forma, a possibilidade de transgredirmos as leis. Imagine se ainda vivêssemos executando a lei judaica de declara a possibilidade de lapidarmos as mulheres adúlteras? Ou se ainda tivéssemos a possibilidade de executarmos bruchas e feiticeiros queimando-os em praça pública por não proclamarem-se católicos? Onde nossa sociedade estaria se ainda respeitássemos o direito divino dos reis e a hierarquia feudal dos nobres?
Olhando por um ângulo diferente, eu diria que a vida é curta. Nossas encarnações são momentos para vivenciarmos de forma intensa as nossas relações com nós mesmos e com aqueles que estão à nossa volta. Precisamos colocar à prova a todo momento a nossa capacidade de discernir e fazer escolhas para que possamos garantir a felicidade enquanto espíritos imortais que somos.
Cada segundo disperdiçado sem mudanças de nossos valores imperfeitos pode significar muita dor e sofrimento, uma vez que não fazer o bem também é uma forma de fazer o mal.
Se achamos que uma regra ou lei não atende aos nossos valores, defendo que temos o dever de nos posicionarmos e, se julgarmos necessário, de quebrá-la.
O Cristo trabalhou aos sábados, acolheu publicanos, mulheres da vida e leprosos, mas também defendeu a necessidade de "dar a César o que é de César"
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