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terça-feira, 22 de novembro de 2016

Mortes prematuras

Mortes prematuras

Este artigo tem por objetivo olhar para o contexto em que há promoção de mortes prematuras; quais sejam o suicídio, a eutanásia, a ortotanásia, o abordo ou quaisquer outras modalidades de ação que visem definir pelo uso do livre arbítrio o encerramento de encarnações sem que as possibilidades biológicas tenham sido esgotadas; buscando compreender de forma ampla as bases de pensamento que levam a tais ações, as dores e aflições decorrentes das mesmas, possíveis caminhos para que o espírito encarnado possa lidar de uma forma positiva com seu passado e estruturas de pensamento profilático para que nos cenários de dores superlativas seja possível optar por caminhos menos dolorosos.

Muito se tem falado sobre as dinâmicas sociais modernas que parecem supervalorizar as possibilidades de promoção de morte prematura apontadas por Allan Kardec em O Livro dos Espíritos e em O Evangelho Segundo o Espiritismo como entraves sérios para a felicidade espiritual e que estão sendo vistas pelas sociedades como boas soluções para sofrimentos superlativos.

Centenas de grupos ativistas tem se mobilizado pelo mundo polarizando esta discussão. Buscam sensibilizar a população ao assunto levando-a a tomar partido e buscam legalizar ferramentas que possam servir aos seus propósitos.

Há países em que legal e culturalmente algumas modalidades de mortes prematuras são aceitas sob a mais variada gama de argumentos enquanto outros se mostram absolutamente intolerantes resgatando princípios éticos, religiosos, filosóficos e econômicos também das mais variadas ordens.

No meio do intenso debate identificamos milhares de pessoas a favor ou contra que vertem suas impressões pelas ruas, buscando alternativas para evitar a promoção de mortes prematuras ou para promovê-las.

Mesmo julgando importantes estes debates e ações por promoverem o aprimoramento das relações sociais, o espírito crítico entre as pessoas e o estabelecimento de políticas em acordo com a liberdade coletiva, percebemos a necessidade premente de encarar a promoção de mortes prematuras como sintoma de um fenômeno mais complexo que tem suas origens em questões filosóficas antigas que deságuam na contemporaneidade sob diversas formas de pensamentos religiosos, filosóficos, científicos e até mesmo artísticos.

Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Estas perguntas continuam a ser atuais por muito tempo nos movimentarão como seres dotados de pensamento contínuo e de capacidade de raciocínio concreto e abstrato.

Já identificamos a impossibilidade de ações mecanicamente motivadas a partir de gatilhos instintivos que regem o mundo animal, mas não o hominal, pelo menos não em um número significativo de ações.

Necessário se faz, portanto, aquiescer que por traz de cada ação/pensamento/construção humana é possível mapear uma intencionalidade, mesmo que movida pela pulsão inconsciente do ser. Não há ações não intencionais na vida do Homem! O que caracteriza o momento evolutivo em que nos encontramos. Somo criaturas desafiadas ao desenvolvimento dos potenciais espirituais mais sublimes através do uso do livre arbítrio e pelo sofrimento das consequências oferecidas pela Lei Divina a cada mobilização de potências para nós disponíveis.

Está claro que o sofrimento oriundo de situações vivenciais das mais variadas ordens concorre para que se opte pelas mortes prematuras como caminhos pertinentes para a solução de problemas, fato que considera a intencionalidade das ações e nos revela a necessidade de refletirmos sobre os propósitos que nos movem na vida em sociedade.

Joanna de Angelis nos apresenta o Homem-sensação, criatura historicamente localizada que tem como fruto de longuíssimo processo evolutivo a possibilidade de mobilização de capacidades na busca da fruição de sensações; sendo capaz inclusive de sufocar comportamentos instintivos para vivenciá-las.

Ainda profundamente movidos pelas sensações e portadores de várias dificuldades para mobilizar sentimentos, muitas vezes somos tomados por dores superlativas para as quais é difícil formular respostas de longo prazo que nos ajudem a superar o momento de forma diferenciada, o que nos leva a ações pontuais que trazem consequências consideráveis para o espírito a longo prazo.

Em outros casos mantemos propósitos estreitos e persistentes, circunscritos à dimensão material, que fazem com que olhemos para a vida com olhar distorcido. Distanciando-nos do prumo seguro oferecido pela lei divina e mergulhando-nos no orgulho, na vaidade e no egoísmo, valores que segundo o espiritismo, precisam ser desmontados para que possamos ser felizes enquanto indivíduos interconectados na criação de Deus.

Em ambas as situações, como criaturas imperfeitas e densamente materializadas, seguimos mobilizados pela matéria chegando, em alguns casos, a negar a faceta espiritual de nossas essências. Esta miopia espiritual leva-nos a decisões que consideram prioritariamente as dimensões sensoriais da matéria e que visam sanar a dor de forma rápida e com o menor esforço possível possibilitando, assim, a fruição das oportunidades materiais com maior intensidade ou a libertação das dores e sofrimentos vivenciados.

Enxergando a dor e as dificuldades como impedimentos à felicidade e ao bem-estar, sofremos ao vivenciarmos expectativas frustradas. Expectativas que foram fundamentadas em interpretações parciais e incompletas da vida, por vezes distantes de um propósito espiritual maior.

É certo que nossas dores e dificuldades são apresentados pela lei divina de maneira proporcional ao nosso grau de desenvolvimento espiritual e que muitas vezes a promoção de mortes prematuras por um sujeito pode seguir por muitos anos sem ser vista por ele como um equívoco. Mas, como a lei é de progresso e o destino é a felicidade oriunda do dever moral cumprido em sua mais ampla acepção, o momento de conscientização sempre nos atinge provocando-nos a modificar nossas formas de ver, sentir, pensar e agir no mundo. Este despertamento chega naturalmente pelas dores que nos apontam perspectivas que precisam ser revistas no momento atual. São, portanto, lições de aprendizado que nos legarão ganhos espirituais e não impedimentos à felicidade.

Mobilizados pelo presente material e sentindo a urgência que a vida de escassez nos oferece, acabamos deixando de buscar uma visão sistêmica que justifique o padecimento e aponte novas possibilidades. Deixamos de ver os ciclos repetitivos de dores em que nos mantemos e ficamos cegos à misericórdia divina que nos oferece os recursos de superação.

A promoção de mortes prematuras pode ser vista, portanto, como o sintoma de nossa imperfeição enquanto criaturas que não veem a continuidade da vida após o encerramento das possibilidades biológicas e nem o propósito espiritual de tais vivências. O que nos leva a agir como se fôssemos criaturas com existências restritas, curtas e reguladas por um sistema de escassez onde não há recursos suficientes para que todos fruam das sensações materiais com o maior vigor possível.

Muitas vezes justificadas pelo amor aos nossos queridos e pela impossibilidade de vê-los sofrer, desconsideramos que mesmo a dolorosa oportunidade é campo fértil onde plantamos nossa felicidade porvindoura.

Descrentes da continuidade da vida após a morte do corpo físico e da necessidade das vivências materiais para que atinjamos a felicidade espiritual, agimos a favor de nós mesmos e do outro promovendo mortes prematuras para nos resguardarmos da dor e do sofrimento.

Mas, como nada se perde na lei natural e a natureza não dá saltos aprimorando-se vagarosa mas constantemente na direção do belo, do puro e do bem, precisamos olhar para os atos, pensamentos e sentimentos de desvalorização da vida como um momento necessário de nossa jornada evolutiva.

Os espíritos sugerem a benevolência para com todos, a indulgência para com a imperfeição alheia e o perdão das ofensas como os caminhos concretos para a prática da caridade que um dia a todos nós legará indizível estado de plenitude espiritual.

Isto significa dizer que todos nós temos o direito ao erro como caminho para aprendermos a escolher o que é certo e que precisamos do apoio daqueles que conosco caminham sofrendo as consequências de nossas ações para que consigamos construir novas estruturas de pensamento/sentimento/ação.

Cabe à lei divina regular as consequências dos atos de acordo com as necessidades de cada espírito e a nós, irmãos em criação, o dever de aliviar a dor sempre que possível. Não nos cabe, conforme o Cristo nos ensinou, o julgamento dos outros. Devemos nos utilizarmos desta capacidade para identificar nossos próprios movimentos equivocados e buscarmos melhores opções. O julgamento tem ambiente restrito ação, está circunscrito a nós mesmos, embora ainda tenhamos dificuldades de concebê-lo desta forma.

A misericórdia divina atua incessantemente sobre todos nós oferecendo exemplos simples de resiliência, de persistência e de esforço contínuo. A natureza talvez seja o melhor exemplo deste fato. Mesmo agredida das mais variadas formas, Perdoa sempre. Ou seja, dá amplamente a todos e continua florescendo, buscando novos caminhos e apresentando beleza até mesmo nos recantos mais devastados. É a misericórdia divina se manifestando para nos convidar à abertura de novos tempos de esperança.

Vivenciamos no início de nossas jornadas como princípios inteligentes a todas estas lições e, através delas construímos os instintos que nos guiaram de forma segura até a tomada de consciência a cerca de nós mesmos. Temos inscritos em nós estes conceitos apreendidos e cabe-nos agora colocá-los em prática de forma consciente. Perdão, solidariedade, afeto e apoio são algumas das ações que residem em germe nestes conceitos adormecidos pela busca das sensações.

Deus é infinitamente bom e justo tendo nos destinado à perfeição, ou seja, dá a todos as oportunidades de crescimento de que necessitam. Se nos fixarmos nesta perspectiva da vida seremos capazes de olhar para nossas situações de dor e compreender que juntamente com elas há os lenitivos necessários para seguirmos em frente investindo na vida como seres imortais apesar da dor que experimentamos.

Seremos ainda capazes de compreender que nenhum desafio é maior que nossas forças e que, se por hora nos sentimos amedrontados diante dos desafios de crescimento, é porque ainda não aprendemos a fazer de maneira diferente e próspera espiritualmente falando.

Os espíritos nos ensinam que a dor é o bem mais precioso que temos. É através dela que crescemos, desenvolvemos competências e descortinamos a dimensão espiritual a que pertencemos. Possamos enfrentar nossos medos e dores com toda a força que conseguirmos mobilizar para supervalorizar nosso propósito espiritual, o caminho de crescimento e o dom da vida.

Somente por este caminho conseguiremos eliminar de nosso rol de possibilidades as mortes prematuras como solução para problemas. Somente pela abertura de nossa visão de mundo seremos capazes de significar tais desafios.

Inspiremo-nos no sol que diariamente desperta no horizonte informando-nos que temos um novo dia para seguir em frente e tentarmos fazer um pouco melhor do que no dia anterior.



terça-feira, 18 de outubro de 2016

Anjos da Guarda - Uma visão espírita

Realizei esta palestra no Grupo de Estudos Espíritas Rita de Cássia no Leblon.

Tomando por base o livro O Céu e o Inferno de Allan Kardec, realizamos um mergulho reflexivo sobre o amor ao próximo e a prática da caridade,


sexta-feira, 7 de outubro de 2016

A palavra AMOR e seus significados

Recebi esta mensagem através da newsletter diária do CE Caminhos da Luz e achei que valia a pena transcrever para cá com as devidas referências. Uma bela reflexão sobre as origens da palavra amor.
 
ÁGAPE
 

Os gregos antigos eram muito sofisticados ao falar sobre o amor.

Segundo eles, era impossível utilizar uma única palavra para definir tudo aquilo que a nossa cultura chama, unicamente, amor.

Para eles, havia seis formas de amor, cada qual com suas características.

O primeiro tipo, o amor Eros, era nomeado assim por conta do deus grego da fertilidade, representando a ideia de paixão.

Eros era o amor capaz de dominar e eximir o ser de sua racionalidade. Envolvia uma falta de controle, que assustava os gregos.

A segunda variedade, o Philia, era relativo à amizade, à fidelidade entre companheiros unidos por laços fraternos.

Essa forma de amor era muito mais valorizada do que a primeira.

O Ludus, terceira forma, guardava relação com a diversão, com a afeição, com as boas companhias e com o prazer de se estar ao lado de quem se quer bem.

O amor Àgape, quarto tipo, era a mais radical das formas. Foi traduzido mais tarde para o latim como Caritas, do qual se originou o termo caridade.

Ágape representava o amor abnegado, desinteressado. Aquele que se estende ao próximo, a fim de transformá-lo em um irmão.

Essa é a forma de amor ensinada na maioria das tradições religiosas.

No cristianismo, representa o amor divino que deve ser cultivado e estendido aos nossos semelhantes, seguindo o ensinamento de Jesus: Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a vós mesmos.

Ainda, o amor Pragma, o amor maduro, resultado de profundo entendimento, consideração, respeito e admiração, que se desenvolve entre casais de longo matrimônio e entre pessoas que convivem muitos anos.

Passadas as ilusões, deixam se levar pela alegria da convivência.  É o júbilo de saber que o outro ali está, em todos os momentos e circunstâncias, por mais difíceis e dolorosas que elas sejam.

Finalmente, a última forma, o amor Philautia ou autoamor. Não se trata de narcisismo, mas sim de uma maneira muito mais elevada de amor.

Os gregos entendiam que, quanto mais a criatura se ama, mais amor tem a oferecer.

De que forma entendemos o amor? O que ele representa para nós? Como damos, recebemos e vivenciamos o amor?

Entregamo-nos aos preceitos de Jesus, buscando o autoamor, o amor ao próximo, o amor familiar e fraternal, o amor abnegado?

Ou ainda nos perdemos nas teias de Eros, das ilusões e paixões, dos interesses?

Qual a nossa verdadeira compreensão do que é o amor?

Importante se faz a reflexão a respeito. Importante que analisemos nossas ações, nossos sentimentos, a fim de bem avaliarmos de que espécie é o amor que nos move.

O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta, dizia o Apóstolo Paulo.

Pensemos nisso! Pensemos sobre o amor. Busquemos o amor que se oferece, que é fiel, que vive a alegria de ver o outro feliz.

Vivenciemos o amor, em suas nuances mais sublimes, sempre, diária e constantemente.
 
 

por Redação do Momento Espírita, com base na obra  How should we live, de Roman Krznaric, ed. BlueBridge.
Do site: http://momento.com.br/pt/ler_ texto.php?id=4906&stat=0.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Crises e nós

foto "Love can actually grow on tree" de sundeip arora 



Sabe aquele momento em que parece que tudo está muito difícil e nos sentimos meio sem rumo, atados a uma realidade dura e asfixiante?

Pois é, achei este texto muito interessante do Momento Espírita sobre o assunto e compartilho com vocês.



As crises e nós


Na grande maioria das ocasiões, justificamos nossas aflições, relacionando-as com as crises que enxameiam no mundo.

Acreditamos que aí se encontram as raízes de todas as angústias e problemas da Humanidade.

Dizemos que ninguém pode se sentir realizado em um mundo como este onde vemos nações em lutas encarniçadas; crise nas finanças em nível internacional; os negócios padecendo ágios absurdos.

Onde há crise no atendimento à saúde; agressões em tudo e por quase nada; falta de trabalho para muitos, ora pela tecnologia que substitui o ser humano, ora pela própria ausência do trabalho.

Crise na compreensão dos direitos e deveres humanos; diminuição da fertilidade do solo, vida ambiental empobrecendo, poluição e ameaças de vida; crises de opiniões dividindo e disputando predominâncias; crises de ética, de amor, de confiança, de fraternidade.

Há muita crise pela frente e isso, dizemos, desanima.

Fixando esse pensamento, deixamos de tentar fazer algo diferente.

Entretanto, podemos modificar a paisagem que nos parece anárquica, em marcha para a desagregação.

Uma receita ao alcance de todos nós, pode ajudar nesse impasse cruel que vivemos: levantando o caído, em vez de acusá-lo;

cumprindo nossos deveres, não exorbitando dos nossos direitos;

procurando vencer o erro, em vez de censuraro errado;

não mensurando valores por meio de medidas exteriores, mas concedendo a todos a oportunidade de crescer;

não espalhando o pessimismo, promovendo claridade onde estejamos;

não desperdiçando o tempo na inutilidade, mas produzindo alguma coisa de positivo;

cultivando a compaixão pelos irmãos combalidos e oferecendo um pouco de nós mesmos.

Terapêutica eficiente para a crise moral que verificamos na Terra é o exercício do amor, em que o Cristo viveu.

Quanto às demais crises - as generalizadas - não nos preocupemos com elas demasiadamente.

Realizemos nossa parte.

Saiamos da crise interior em que nos debatemos sem rumo, iniciando um programa dignificante em favor de nós mesmos.

Dessa forma, perceberemos que o mundo está miniaturizado em nós.

Somos, portanto, uma célula importante do organismo universal que deverá permanecer sadia a benefício geral.

E, conforme asseverou Paulo, apeguemo-nos ao bem, sempre e invariavelmente.

Quando aprendermos a agir ao invés de reagir, veremos que tudo aquilo que nos parecia levar ao caminho de uma crise, nos conduz para uma solução agradável da situação.

Cada momento ou situação difícil é oportunidade de mostrarmos a outra face.

Isso quer dizer: mostrar outra forma de enfrentar situações, nos conduzindo para melhores soluções.

De fato, não podemos resolver todas as crises da vida, mas as que conseguirmos bem direcionar ajudarão a diminuir o montante de desespero que grassa.

Não importa que o próximo não faça a parte dele.

Façamos a nossa parte, mostrando essa nova forma de ver e de realizar o melhor.


por Redação do Momento Espírita, com base no cap. Crises e você, do livro Sementes de Vida Eterna, pelo Espírito Marco Prisco, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. O Clarim. Do site: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=4886&stat=0.

domingo, 17 de abril de 2016

Haroldo Dutra Dias - Caridade, Perdão e Cura

Haroldo Dutra Dias - Caridade, Perdão e Cura

A Federação Espírita da Florida promoveu o 5th Spiritist Conference of Florida: The Art of True Healing: A Spiritist View. Nesta palestra de Haroldo Dutra Dias, aprendemos sobre a "Caridade, Perdão e Cura". Confiram.